sábado, 6 de junho de 2009

Ele poderia ter ofertado aquele ar doce que escorria pela paisagem através da janela naquelas manhãs de janeiro.
Ele poderia ter citado as folhas que se lançavam das árvores (para uma triste morte) da Redenção (quieta, vazia e triste) quando ela lá não estava.
Poderia ter contado do último sonho que teve com ela.
Sonhou com ela deitada na cama.
Com a borboleta pousada no colo dela... e o beijo que entregava na tentativa de não perder o inseto multicolorido.
Deveria ter mostrado o que escreveu sobre ela.
E o bocado de reticências que usou.
Descrevê-la era algo complicado.
Ninguém mais tinha aqueles olhos.
E ponto.
Poderia ter concebido um filho com aquele amor que transbordava dos dois. Escreveria que o amor é bom (é muito bom, sim senhor). E que desde que a conheceu naquela festa patética, o mundo era tão mais bonito agora com a presença dela.
Deveria ter dito que ela era a imagem que ele tinha na lembrança cada vez que alguém evocava a palavra "metade".
Mas no fim, com aquela timidez incontrolável... quando a encontrou cedeu um abraço apertado e todos os sonhos (que tinham ela como protagonista) que borbulhavam por dentro dele.

(Natália Anson Lima)


*Que texto mais lindo, não?!

Nenhum comentário:

Postar um comentário