sábado, 30 de janeiro de 2010


Muitas vezes, nós nos escondemos uns dos outros para nos protegermos e também juramos ser de concreto o nosso muro de folhas. Nós nos escondemos por contraditória defesa, porque, no fundo, além de todo e qualquer medo nosso, a verdade é que tudo o que mais queremos é olhar e sermos olhados com amor. Nosso corpo com tudo o que faz parte do seu reino, nossas palavras, nossos silêncios, nossos gestos, nossa ausência de gestos, tudo isso diz, tudo isso são brechas entre as folhagens que nos revelam o tempo inteiro, mas a gente nem desconfia ou simplesmente esquece. Não é raro, achamos que nossos sentimentos estão escondidos quando partes da alma estão todas de fora.

Nossas supostas cercas também são vivas. Grande parte das vezes, desnecessárias.

Ana Jácomo

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