terça-feira, 16 de junho de 2009

Delivery


(...)Enquanto alguns corriam, ela só queria parar. Parar em algum braço, em algum abraço. Parar finalmente. E tomar o banho quente e comer pão de queijo. E ter abraços permitidos para sempre. E poder reclamar do frio para sempre. Ela só queria se sentir quente, ainda que fosse de despedida.
Ela sabia que era amor de um dia e tinha topado, mas não aceitava que o amor de um dia tivesse acabado sem amor.
Foi então que eu perguntei de novo, se era isso mesmo o que ela queria. E ela respondeu que não, não era. Mas na vida só existia uma coisa mais forte do que querer: a própria vida.
Ela adormeceu no táxi, cansada o suficiente pra não se sentir suja e boba o suficiente pra engolir a saliva feliz, como se ainda pudesse reviver algo que havia morrido tão rápido. Achei aquilo lindo, achei que aquilo era a vida. E acabei dando finalmente o abraço eterno que ela tanto queria e que eu tanto queria. Ainda que se perdoar não melhore a solidão de ninguém.



( Tati B. )

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