sexta-feira, 29 de janeiro de 2010


Se Alice eu fosse teria aprendido com o chapeleiro que tentar decifrar adivinhações sem resposta não é perda de tempo, mas sim uma maneira de entreter o Deus menino.

Não me apurrinharia com as aparições e desaparições de certos gatos e, como ela, não me culparia por guardar no peito seus sorrisos.

Se Alice eu fosse não bancaria a jardineira que tenta esconder seus defeitos como aqueles que pintam rosas brancas de vermelho.

E teria aprendido com a duquesa que ‘somente pássaros da mesma cor voam juntos para onde for’ e talvez tivesse me tornado aquilo que parecia ser.

Saberia que toda tristeza é falsa, assim como os suspiros da tartaruga falsa e jamais me permitira sentir tanto medo ao ponto de esquecer meu próprio nome.

Entenderia, por fim, após um breve encontro com a marmota, porque sou assim: porque vim do poço do melado, de onde saem todas as coisas que começam com a letra M.

Me alegraria por demais com as coisas sem sentido, pois teria ouvido da própria boca do rei que as coisas sem sentido evitam um grande problema: o de procurar sentido nas coisas!

Se Alice eu fosse seria exatamente o que sou: uma menina maravilhada por tudo aquilo que vê, ouve e pressente.

Mônica Montone

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