sábado, 10 de julho de 2010


O tempo se apossou do que havia. Foi quando pude te explicar que as minhas expectativas não eram exigências. Já que fomos tão inábeis para o amor, restou enfim, essa ternura encabulada e nossas conversas pela madrugada numa hora em que a saudade nos constrói as frases com todos os adjetivos mais suaves para não espantar o sono. E a consciência de que não há mais tempo para usufruir o que não foi aproveitado a tempo. Por isso choramos apenas por dentro sem deixar que nossa voz denuncie nosso olhar raso de esperas intactas. Por isso tanta doçura nas palavras pra não ferir ainda mais essa melodia frágil e cheia de melancolia. E essa tentativa de que o abraço, apenas escrito, tenha outras formas de tocar. Porque queríamos a mesma coisa, exatamente o que nos faltava e que não soubemos porque não tínhamos para dar. Seguimos, ainda assim, unidos não por sentirmos o mesmo amor, mas por compartilharmos aquela mesma solidão.

Marla de Queiroz

Um comentário:

  1. nossa!!!! esse texto de hoje realmente é lindoooo e me fez lembrar de coisas... de muitas coisas que eu poderia ter aproveitado apenas o momento... aquele momento único... e que nunca mais vai voltas... mas... bola pra frente...

    beijinhosss pra vc... cada vez mais lindaaaaaa

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