quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Sobre a busca que acabou


Te procurei por entre as flores do jasmineiro que me alegravam em dias bons e nos dias ruins deixavam até meu pai enjoado com tanto cheiro adocicado.
Te procurei nas mais altas montanhas, depois de andar as maiores distâncias, quase morri em vários desfiladeiros tentando te achar.
Te procurei quando havia sede por horas bonitas e fome por esse amor intenso.
Te procurei em sorrisos de "Vou bem, obrigada".
Te procurei nos abraços apertados.
Dentro da página que estava com o marcador destacando: "...Desde aquela tarde quase quente de setembro, quando nos estendemos nus sobre a areia clara das margens da sanga de Caranguatatá, um dia perto do teu aniversário, o céu azul feito alguém tivesse pintado ele, essas ventanias de primavera secando rápido nossos cabelos molhados, enquanto uma borboletinha amarela esvoaçava entre nós para escapar depressa no momento exato que, ali do meu lado, você se debruçou na areia para olhar bem fundo dentro dos meus olhos...".
Te procurei na poesia do Caio (tal qual o nome do nosso futuro filho).
Nas canções que embalam nossas vidas.
Te procurei até na fila de pão no supermercado.
Nos cafés todos, querida.
Te procurei com cachecol em noites em que a boca treme sozinha, desamparada (como quem precisasse de um beijo para voltar a esquentar).
Nas entrelinhas das letras do Fito Paez.
Te procurei nos sonhos de criança.
Na roda-gigante do parque de diversões.
Perto da cama ainda quente de nossos dois corpos.
Te procurei no tronco da árvore em que nossos nomes estariam para sempre tatuados: tu e eu.
E ainda assim não te achei.
Foi então que olhei para dentro de mim...e aqui te encontrei.

Natalia Anson Lima

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